segunda-feira, 1 de julho de 2013

UM ANO PARA A COPA

A Copa das Confederações terminou. Terminou com a sonhada, e surpreendentemente boa, vitória brasileira sobre a Espanha. Os três a zero anotados contra o time espanhol enche os brasileiros de motivação, mas ainda é cedo para afirmarmos que o Brasil será campeão no ano que vem.

A base, pelo menos, está montada. Não há, no momento, nenhum jogador que mereça figurar na relação de convocados do escrete canarinho. Kaká e Ronaldinho Gaúcho não tem, nesse momento, lugar em time unido como esse.

A vitória, diga-se de passagem, é relevante. A seleção espanhola vem de seguidos sucessos no futebol mundial – duas Eurocopas (2008 e 2012) e uma Copa do Mundo (2010) – o que demonstra o tamanho dos “três a zero” impostos a essa seleção ontem. O time brasileiro se mostrou muito bem. Neymar finalmente teve várias atuações convincentes, sendo a melhor de todas ontem; Fred, por sua vez, parece se firmar cada vez mais como o camisa nove; e os zagueiros, jogando com firmeza, estão se garantindo na Copa. Julio César, por sua vez, provou que goleiro tem que ter experiência – e ele, se não é o melhor goleiro de todos os tempos, é o que tem mais bagagem internacional e deve ser o titular. Os laterais titulares são mesmo Daniel Alves e Marcelo, os melhores da direita e esquerda, respectivamente, no futebol brasileiro. Apesar de que Daniel Alves não mostrou um grande futebol, diga-se, o que pode gerar dúvida com relação ao seu aproveitamento ano que vem. Os "volantes" deram conta do recado – Luiz Gustavo, com muita personalidade; e Paulinho, um jogador acima da média – passa bem a bola e conclui com precisão em muitas oportunidades.

Das outras seleções participantes da Copa das Confederações 2013, apenas Espanha e Itália parecem ser chegar em condições de disputar o título da Copa do Mundo 2014. A Espanha, entretanto, dá sinais evidentes de desgaste, com seus dois principais elementos – Xavi e Iniesta – rendendo bem menos que em outras oportunidades. A defesa também já não tem a mesma regularidade, muito embora ainda tome poucos gols. Por seu turno, a Itália conta com uma geração promissora – a única nota dissonante é a possível decadência dos mais velhos, como Pirlo e Buffon. Não se sabe se permanecerão em forma até ano que vem. No mais, Ballotelli e companhia prometem complicar os adversários no mundial do ano que vem.

Quanto ao Uruguai, em que pese contar com Cavani, o melhor centroavante da atualidade, é um time em franca decadência, com um meio-de-campo inexistente e com Forlán em péssima forma. Talvez nem se classifique para a Copa. Existe a possibilidade de eliminação já na primeira fase (Venezuela e Peru disputam com os orientais a quinta posição); e, após a fase primeira, há ainda uma repescagem.

Fora da Copa das Confederações, vejo apenas dois times em condições de brigar pelo título no Brasil: Alemanha, com sua geração boa, mas ainda pouco (ou nada) vitoriosa; e a Argentina. A Argentina, no entanto, depende de um Messi em boa forma e de melhorias no sistema defensivo. Atualmente, no entanto, o craque do Barcelona vive um inferno astral e não se vê um "beque" à altura da tradição portenha.

Holanda e França correm por fora.

A Holanda, um pouco envelhecida em relação a 2010, conta com muitos craques, mas é irregular e é sempre uma incógnita. Foi finalista em 2010, mas fez uma péssima campanha na Eurocopa 2012, perdendo os três jogos que disputou.

A França, por sua vez, tem uma seleção renovada e com bons jogadores. Não sabemos ainda se os gauleses conseguirão transformar essa nova geração em geração vitoriosa. Parece que é uma geração de poucos gols.

Mas, de tudo isso, uma coisa é importante ressaltar: falta um ano para o mundial, e muita coisa pode acontecer dentro desse período. O que vale é o momento. Copa do Mundo é momento. Talvez os mesmos jogadores que fizeram nossa alegria diante da Espanha nem estejam em boa fase na época do mundial. Mas ganha, geralmente, quem tem camisa. Vejamos.




sexta-feira, 21 de junho de 2013

O QUE É CIDADANIA?

Cidadania. Palavra às vezes esquecida do vocabulário do brasileiro, dada a sua habitual aquiescência com o estado de coisas e os poucos avanços, sociais e econômicos, ocorridos em nosso país, durante os cinco séculos de existência. Palavra que, no entanto, vem se reforçando no atual momento, com as manifestações pacíficas que estão acontecendo em várias unidades da Federação.

Sempre tive certa contrariedade com a definição de cidadão imposta pela chamada "Lei da Ação Popular" (Lei 4.717/68), no seu art. 1º, §3º. Segundo os estudiosos da seara jurídica, em uma visão puramente legalista ou exegética, somente os eleitores (todos acima dos dezoito, alguns entre dezesseis e dezoito) poderia ser considerados cidadãos aptos para propor ou manejar tal ação. É um conceito muito restritivo, que considera cidadão apenas quem possui um título de eleitor. Além de restritivo, é formal.

Assim, o que quero deixar claro aqui é que não basta alguém possuir um título de eleitor. Torna-se necessário rever este conceito legalista ultrapassado, adotando um viés material. Assim, o ato de votar é apenas um dos atos de cidadania. Os outros são, a saber, cobrar, fiscalizar, ter iniciativa de propor leis e manifestar-se legitimamente. Assim, não basta ao eleitor simplesmente votar e esquecer em quem votou,. Votar e deixar de fiscalizar o seu representante durante os quatro anos seguintes. Votar e virar as costas para o que está acontecendo.

Vale dizer ainda que a cidadania é um dos pilares da democracia. Mas só tem cidadania plena quem tem educação. Noutras palavras, somente um país que investe na educação é que poderá alcançar a tão sonhada prosperidade, com uma cidadania não apenas formal, mas também de cunho material. Uma política que possa transformar um país subdesenvolvido em desenvolvido, num lapso de trinta anos, como ocorreu na Coreia do Sul e na Noruega.

No que diz respeito aos vândalos, abre-se aqui um parênteses para dizer que tais atos violentos devem ser reprimidos, uma vez que são criminosos e destituídos de qualquer razoabilidade. Não são atos de cidadania; são, antes de tudo, atos de selvageria. A manifestação deve ser livre, democrática e, acima de tudo, pacífica. Cidadania é respeito, tanto nos atos do cotidiano, quanto nos atos de manifestação. Na Argentina, país extremamente politizado, os manifestantes, quando percebem atos de vandalismo, sentam-se e espera a ação da polícia contra os baderneiros. Fica a sugestão para a mesma atitude em manifestações no Brasil. A polícia deve agir contra os baderneiros, e tão somente contra eles. Contra os que lutam por cidadania, não há lugar para armas e prisões.

Lutar por um país melhor. Um dever de cidadania.

terça-feira, 11 de junho de 2013

ELITIZAÇÃO E SAUDOSISMO DA GERAL

A Copa do Mundo no Brasil vem gerando muitos debates calorosos. A maioria deles, é verdade, trata dos aspectos relacionados à construção e reforma de estádios, com a já tradicional desconfiança de que estejam acontecendo atos de corrupção, superfaturamento, etc. Mas aqui vamos tratar de um outro detalhe, alvo de críticas por parte da crítica especializada, notadamente de um canal pago: a elitização do futebol.  E o saudosismo da geral e dos “geraldinos”.

Pois bem.

Um famoso comentarista, conforme ressaltado alhures, de tendência nitidamente esquerdista (comunista de carteirinha) vem se digladiando contra a “elitização” do futebol e o “embranquecimento do estádio” (nas palavras dele, proferidas no programa “Linha de Passe”, mesa redonda semanal), por causa dos absurdos preços dos ingressos. Segundo o referido comentarista, a torcida estaria agindo de maneira pouco usual, distinta do comum quando temos jogos entre times, por ser uma torcida de “filhinhos de papai”, que não saberiam torcer. E aí, além de uma “discriminação às avessas”, aparece o saudosismo da geral e dos geraldinos.

Discordo do posicionamento desse ilustre comentarista.

Primeiro, porque não devemos confundir preço do ingresso com a forma como a torcida de seleção brasileira age. Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. Não estou aqui para defender o preço dos ingressos –muitas vezes caríssimos – mas também não acredito que a solução seja criticar quem pode pagar por eles – a tal elitização combatida. Isso é fruto de um discurso maniqueísta, próprio de divulgações da ala esquerdista da política, que acredita que todo mal da sociedade advém da classe mais abastada.

Aliás, é válido dizer que torcidas de time possuem uma organização muito maior que a da seleção brasileira, onde todos estão misturados. Há, em seleções, um aspecto de dissipação, o que não impede os torcedores de, não raras as vezes, vaiarem o treinador ou um jogador específico, como aconteceu com o atacante Hulk no amistoso contra a Inglaterra.

Há de se ressaltar que, no caso dos clubes, o futebol envolve custos sendo, portanto, imperioso, a adoção de um preço de ingresso no valor mínimo de 40 (quarenta) reais. Ou um pouco menos, dependendo da avaliação dos clubes. Caso contrário, o esporte bretão restará inviabilizado em nosso país, notadamente diante do aspecto econômico e do impulso europeu em contratar os melhores jogadores. Ademais, quando se fala em shows, ninguém reclama de preço de ingressos - e, em certa medida, um grande jogo é um grande show, como os da Copa do Mundo, por exemplo.

Em segundo lugar, discordo também do posicionamento acerca da antiga geral, que existia em estádios como Mineirão e Maracanã. A antiga geral, para quem já teve a oportunidade de assistir a um jogo nela, era uma clara afronta ao Código de Defesa do Consumidor, uma vez que o torcedor não tinha uma visão adequada do campo (só se viam as pernas do jogador) e nenhum tipo de conforto (torcedor permanecia em pé durante todo o tempo). Estar com saudades da “geral”, em nome dos “geraldinos” (pessoas que vestiam trajes espalhafatosos, mas que padeciam de problemas sociais graves, sendo ali apenas um reforço da exclusão da qual padeciam), é simplesmente estar fora da realidade. Devemos, sim, defender a modernização dos estádios. Não só dos estádios, mas de toda a carente infraestrutura brasileira (aeroportos, ferrovias, rodovias), hoje bastante decadente. Saudosismo é uma palavra que não me agrada de jeito nenhum. O que passou, passou. Modernização me agrada muito mais.

Olhar para a frente. Para o moderno. Para o futuro. Sem olhar para trás.

Buscar soluções. Não “demonizar” ou “discriminar” quem quer que seja, seja branco ou negro. É assim que o Brasil dará seus primeiros passos rumo a um maior desenvolvimento.